Emaranhadas
No emaranhado das tripas do bode sacrificado se liam os oráculos de Deuses ancestrais. Oráculo significa falar com os Deuses. E o divino morava logo ali: no alto do morro, dentro de uma caverna, no fundo da mata, nas nascentes, cachoeiras ou na raiz de alguma planta. Para escutar a divindade bastava estar atento aos sinais.
Na cidade, a fumaça dos carros ou a nuvem digital, como uma névoa, encobrem nosso olhar. A conexão wifi desvia a atenção da conexão divina. Vivemos dias apressados entre labirintos e abismos e nem sempre sabemos ouvir os Deuses. Mas as deidades continuam em toda parte disponíveis para quem quiser ver. E é urgente olhar para elas onde elas estão: dentro de nós e em todas as coisas.
Escutar o corpo, o emaranhado de nossas próprias tripas, é o oráculo mais próximo… Sentir profundo e olhar longe.
E para o oráculo de todas as coisas é preciso ver a Arte como uma maneira de encontrar Deus em tudo.
Arte pode ser um caminho para voltar a escutar o canto dos Deuses. O corpo é a materialização dos Deuses.
Texto critico: Nadan Guerra

Emaranhadas
Coletiva - Vivi Rosa, Juliana Freire, Renato Dib, Vinicius monte, Nadan Guerra.
Casa Ondina- SP- São Paulo
Março, 2023